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Que venha o Open Banking

Novo sistema bancário de compartilhamento de dados pode significar uma virada para o varejo brasileiro

 

Após autorização pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o Banco Central já iniciou o processo de regulamentação do chamado Open Banking. A previsão para o sistema bancário de compartilhamento começa a funcionar em 30 de novembro deste ano, com estimativa de estar totalmente implementado até outubro de 2021.

O novo sistema compartilha dados, informações e serviços financeiros pelos clientes bancários em plataformas de tecnologia para que possam ter acesso a melhores taxas, prazos e serviços financeiros. Para entender melhor, imagine se ao invés de ter que acessar o seu banco para realizar um pagamento, você pudesse simplesmente registrar esse evento no seu sistema de gestão e este por sua vez trocasse informações com o seu banco para realizar a transação de forma instantânea. Este é apenas uma entre as dezenas de serviços bancários que serão transformados nos próximos anos.

Para o varejo, a chegada do sistema significará uma grande vantagem. Além de ser uma ferramenta eficaz para a redução de juros, será possível ampliar a oferta de produtos financeiros para o cliente final por meio de serviços como abertura de conta, transferências e pagamento de contas.

Na avaliação do diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, esse é um projeto centrado no consumidor, tendo por base o princípio que ele é proprietário de seus dados. Segundo o diretor, o open banking pode trazer uma mudança estrutural para beneficiar os consumidores de produtos financeiros e bancários. “Caberá ao cliente escolher o que fazer com os dados, na busca de melhores serviços e de serviços mais baratos”, diz Pinho de Mello.

 

Open Banking e o varejo

Neste novo cenário, quem detém o poder de proximidade com o cliente sai na frente, e quem está nessa condição é o varejista, que tem contato direto com o consumidor, com cadastro organizado e uma relação de confiança privilegiada.

Loise Nascimento, especialista em pagamentos da MovilePay, acha que o varejo, assim como outros setores que possuem relacionamento com usuários, sejam consumidores ou comerciantes, terão benefícios. “A diminuição significativa de interlocutores na oferta de serviços de pagamento vai diminuir os custos das operações”, diz Loise. “Além do mais, a oferta de produtos e serviços personalizados será mais rápida, barata e simples”, explica.

Para Loise, a experiência do consumidor no sistema de Open Banking seria fundamental e decisiva em uma situação como a provocada pela pandemia do novo coronavírus. “No contexto atual, na medida em que colocamos na mesa a possibilidade de acesso a serviços financeiros em plataformas 100% online, que evitam a interação física entre as pessoas, como WhatsApp, plataformas de delivery, etc., que são gratuitas, intuitivamente os consumidores já modificam seus hábitos e comportamentos cotidianos e tendem a aderir a serviços nessa mesma linha”, diz.

Para a especialista, o desafio do mercado com o Open Banking será encontrar um equilíbrio para rentabilizar a empresa sem que tenha cobrança direta para acesso a determinados serviços financeiros.

 

Varejo ou fintechs?

Em um artigo recente, o especialista em inteligência de mercado, Bruno Xavier, apontou que a chegada do sistema de open banking pode, inclusive, transformar varejistas em gestores de fintechs.

“Do ponto de vista de negócios, o varejista pode optar pela criação de sua própria fintech, com uma conta de pagamento e um minibarco”, disse Bruno. Ele pode não somente otimizar e monetizar sua relação com o cliente, como também com seus funcionários e fornecedores. Através do pagamento de salários utilizando seu sistema próprio, por exemplo, a empresa pode cortar custos bancários”, explica

Bruno não acha que o varejo será concorrente direto do mercado de bancos. “Os bancos seguirão existindo”, diz. “Mas o varejo tem a oportunidade de ocupar um espaço importante no mercado financeiro e isso está fortemente atrelado com o momento de transformação digital e às mudanças regulatórias com o intuito de descentralizar e diminuir a concentração do segmento”, explica.

 

Entrevista – Davi Holanda

Conversamos com Davi Holanda, CEO da Acesso, uma fintech especializada em produtos financeiros digitais, para entender melhor o que aguarda o varejo no universo que vai se abrir com a regulamentação e implementação do sistema da Open Banking no Brasil. Confira!


Davi HolandaO que muda no Brasil com operações do tipo Open Banking?

O open banking vai permitir que o usuário possa compartilhar seus dados da forma que quiser com a instituição da sua preferência. Com isso, não apenas grandes bancos deterão a sua informação e o histórico da vida financeira, mas também outras empresas no mercado como fintechs e plataformas de crédito, o que vai aumentar em muito a oferta de serviços financeiros. Isso gera uma concorrência saudável no mercado, pautada, não apenas no melhor preço, mas também em quem oferece o melhor serviço.

 

Como o varejo vai poder se beneficiar do Open Banking?

O varejista poderá utilizar diversas plataformas para gerenciar contas, transferências e pagamentos dos seus clientes. Algumas empresas, como a Bankly, já oferecem essa tecnologia com ganho de eficiência operacional, como, por exemplo, a contrações de serviços de TED com custo menor do que o ofertado no mercado, ou com dispositivos de aumento do índice de fidelidade.

 

Se o Open Banking já estivesse regularizado, como os varejistas poderiam se beneficiar em um momento de crise como o que estamos passando?

A grande maioria dos varejistas já tem uma base de clientes fiel, que confia nos seus serviços. A ideia de poder ampliar o leque de serviços através do open banking é ideal no momento que estamos vivendo. A escolha por pagar contas, fazer transferências e pedir crédito sem sair de casa é a nova realidade e os varejistas têm a possibilidade de conversar com um público bastante específico e que muitas vezes não recebe a devida atenção por parte do sistema financeiro tradicional.

 

Quais são os principais entraves para a implementação do Open Banking no Brasil?

Temos visto aqui no Brasil uma atuação excelente do Banco Central em relação ao movimento de Open Banking, com caráter bastante cooperativo com os agentes de mercado e principalmente focado numa disrupção. Acreditamos que o maior desafio de qualquer sistema financeiro seja aumentar a eficiência e a velocidade sem sacrificar segurança; tendo tecnologia e regulação como aliados, os entraves são mínimos e o sucesso é inevitável.

 

As questões de segurança de dados são temas importantes para o varejo. Como que um modelo como o Open Banking afeta essa área?

Open Banking reforça ainda mais o compromisso dos agentes de mercado com os quesitos de segurança da informação. Como estamos falando de uma maior abertura tecnológica, novos processos e ferramentas estão surgindo acompanhando este processo. Em empresas como o Bankly, que é detentor não apenas da licença bancária, mas também da tecnologia, o coração do produto é a segurança e performance.

 

Fonte: CNDL (Confederação Nacional da Câmaras de Dirigentes Lojistas)

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